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Brasil, mãe gentil ou de uma madrasta vil?

Não gostamos de ler reportagens ou ouvir nosso país ser chamado de pátria madrasta, mas, o fato é que notícias cotidianas, como a veiculada em rede nacional dia 29 de junho 2011 na TV Record,  fomenta ainda mais essa realidade.
Maracanaú no interior do Ceará, gastará cerca de 2 milhões de reais em festejos juninos enquanto, a saúde está em colapso. O médico Cezar Oliveira afirmou na matéria que tem que escolher entre qual paciente vai viver e, qual deles vai morrer...
Investir na saúde não rende votos, o negócio é fazer festa, porque o que o povo gosta é de diversão. Muitos dos gestores públicos se apossam das verbas da saúde para outros fins, enquanto o povo (que paga gordos impostos) geme e morre nos corredoresdos dos hospitais Lotados.
A hipocrisia está presente em outras situações, onde hospitais são inaugurados com modernos equipamentos que enferrujam sem serem utilizados. Em inúmeros casos os tai só é visto funcionando no dia da inauguração da obra, quando a mídia é convidada para com seus flashes eternizar o momento solene.
Maracanaú, no Ceará não é exclusividade em gastar milhões de reais contratando atrações para animar festas juninas, enquanto a população sofre vendo seus entes queridos agonizar sem atendimento médico.
Pelo menos a população de Maracanaú reclama, em outros rincões nem isso se faz.
Se alguém discorda da afirmação, Pátria madrasta (direito de cidadãos livres) deve tirar suas conclusões... Quem sabe ao sair do shopping "com sacolas lotadas de compras" fazer uma visita a um dos lixões espalhados pela nossa pátria. Quantos os brasileiros tiram sua comida do lixõ? Os lixões brasileiros são um bom termômetro para que se saiba o que é desigualdade social na real ou imaginária Pátria madrasta, Brasil.    Joana D´arc


As notícias estão sempre mostrando casos terríveis, como esse em Belém, onde uma criança morreu em cima de uma pia por falta de leito...  
 Assista ao vídeo da Saúde publica em Belém, OAB denuncia caos.
                                                                                      
Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.
Ela foi a Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) por uma redação sobre ‘Como vencer a pobreza e a desigualdade’. denominada "PÁTRIA MADRASTA VIL"
Esta redação de Clarice foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da Unesco.
Vejam a seguir o texto na integra.

"PÁTRIA MADRASTA VIL"
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência Exagero de escassez… Contraditórios?? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada – e friamente sistematizada – de contradições.
Há quem diga que ‘dos filhos deste solo és mãe gentil.’, mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não ‘tapa o sol com a peneira’. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro PACote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra… Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta – tão confortavelmente situadas na pirâmide social – terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)… Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos…
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente… Ou como bicho?

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